Em Florianópolis, vítima da Guerra do Vietnã falou sobre como superou o trauma de ter o corpo queimado

Nem todos perceberam, mas na quarta-feira umas das personalidades mais conhecidas do mundo caminhou pelo hall do Hotel Majestic, em Florianópolis. Trata-se Kim Phuc, a mulher que, quando menina, teve sua figura eternizada na fotografia da Guerra do Vietnã, onde correu da explosão de uma bomba. Kim veio ao estado de Santa Catarina para participar da abertura do Congresso Brasileiro de Queimaduras, que se iniciou nesta noite.

O tema da palestra de Kim na abertura no Congresso Brasileiro de Queimaduras foi Minha Vida com Queimaduras. Ela falou sobre sua experiência com as feridas que marcaram não apenas o corpo, mas o psicológico. O tratamento doloroso e a rejeição à própria aparência foram superados ao longo dos anos. A mensagem de Kim é para trazer coragem e esperança a pessoas que passam pelo mesmo trauma. Hoje embaixadora da Unesco, Kim teve 55% do corpo queimado.

Kim participou da programação do congresso durante a tarde. Fez questão de atender a todos que pediam autógrafo e uma rápida conversa com sorrisos e abraços. Kim chegou terça-feira a Florianópolis, surpreendendo até mesmo a organização do evento que a esperava apenas na quarta-feira.

Ontem ela palestrou para alunos da Unisul, em Palhoça. Durante o dia, acompanhou a programação do Congresso Brasileiro de Queimaduras e se prepara para seguir para a Europa.

Exausta da viagem do Canadá, onde vive, até Florianópolis pediu um tempo para descansar. Por isso, não foram agendados compromissos com a imprensa. Focada na palestra, também pediu que não houvesse cobertura de jornalistas durante a sua fala. Temia que o entra e sai prejudicasse a concentração.



Apesar da fama, Kim é uma pessoa discreta. Chegou na noite de terça-feira no Aeroporto Internacional Hercílio Luz, antecipando o desembarque que deveria ocorrer na quarta-feira pela manhã. Também teve discrição no seu primeiro dia na cidade, preferindo não sair do hotel. Recusou convites sob alegação de que preparava espiritualmente para o evento fechado, que reúne 500 profissionais de saúde, entre esses, 200 especialistas do país e Exterior.



O médico Maurício José Lopes Pereima, presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras, guardará de Kim a imagem de uma mulher muito tranquila e dedicada à promover a saúde de crianças vítimas de queimaduras causadas em conflitos.

A história de Kim

Ativista dos Direitos Humanos, é fundadora da Kim Foudation, organização que dá apoio a crianças vítimas de conflitos armados no mundo. Por causa dos ferimentos, ela passou 14 meses no hospitais. Em entrevista ao DC, na edição de domingo, contou que apesar das cirurgias e da dor constante, até hoje, acredita que a guerra deu um propósito a sua vida. Para ela, a foto deu- lhe um grande poder: o de ajudar as pessoas.

Nick Ut é o codinome do fotógrafo que registrou a imagem de Kim Phuc no dia do bombardeio. Seu verdadeiro nome é Ut Cong Huynh e, assim como Kim, ele é vietnamita. Nick declarou que depois de tirar a foto de Kim, correu para acudir a garota junto com outros fotógrafos que estavam no local.

Quando Kim desmaiou, ele a levou para o hospital mais próximo, onde os médicos disseram que a menina não resistiria às queimaduras, que cobriam mais de metade de seu corpo. Os dois se reencontraram diversas vezes ao longo dos 40 anos e Kim o considera um herói.

Fonte: Diário Catarinense





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