A tradição acompanha os açorianos de Santo Antônio de Lisboa, na Ilha de Santa Catarina, há décadas. O evento principal é a Festa do Divino Espírito Santo, mas antes dela começar e a coroa e a bandeira ganharem as ruas, a Divinha Farinhada já está no forno. E tem que ser forno à lenha, como manda o costume. O manezinho Cássio aprendeu a prepará-la quando ainda era criança e décadas depois ainda ajuda no preparo.
O engenho é também uma tradição. Contruído em 1860, ainda funciona como nos velhos tempos: movido pela força do boi. Na época, existiam mais de 300 engenhos semelhantes na Ilha, mas apenas um restou.
“Depois que chegou a energia elétrica, os engenhos a boi passaram a ser tocados a motor. Então duravam três ou quatro anos e depois acabavam”, explica o dono do engenho, José Roberto de Andrade.
Só neste ano, 500 quilos estão sendo produzidos especialmente para a farinhada. “No mês de julho já ficam perguntando: vai ter a farinhada? E criam aquela expectativa. Quando chega, é uma loucura”, afirma Cláudio Andrade, coordenador da Divinha Farinhada.
Na cozinha, a correria é para preparar os acompanhamentos. Dona Valdete fez uma estopa de araia. A receita leva um segredinho que ela não revela de jeito nenhum. “O segredinho é meu, não pode contar”, ri ela.
Gaúcho de nascimento, seu Froilan vai participar pela primeira vez da Divinha Farinhada. Ele nunca havia entrado em um engenho artesanal e ficou impressionado. “Fica gravado para sempre na mente. Nunca mais vai sair”, afirma ele. A festa teve início na noite de sábado (1) e vai até o dia 9 de setembro.
Fonte: G1