Nova iluminação deixa aves sem dormir em praças públicas de Florianópolis

Pássaros esperam para dormir em uma noite que não chega. Desorientados, perdem a noção de rumo nas rotas de idas e vindas para os ninhos. Assim vivem as espécies de áreas públicas de Florianópolis desde que a prefeitura ordenou a substituição das lâmpadas na Praça do Bispo e na Praça dos Bombeiros, as duas no Centro de Florianópolis.

O canto da passarinhada fora de horário pode ser percebido.

— Não é normal ouvir passarinhos cantando à noite — diz Denise Meyer, que mora ao lado da Praça do Bispo.

Para Lúcio Dias das Silva Filho, do Movimento IlhaVerde, a iluminação nestas praças é inadequada e fora dos padrões técnicos. Além da preocupação com as aves, o representante do IlhaVerde se informou junto a especialistas de que os vegetais podem depurar de forma forçada líquidos para sua manutenção (seivas, licores e leites) que fazem expelir antes do tempo, alterando o biociclo, levando à deformação ou à morte.

Para Zena Becker, presidente da ONG FloripAmanhã, a substituição das lâmpadas sem uma consulta a especialistas para verificar o efeito nas espécies da fauna e flora reflete os desmandos na cidade:



— Falta pensar antes de planejar.



Cidelma Marina Bittencourt é gerente de convênio e Contribuição para o Custeio da Iluminação Pública (Cosip), da prefeitura. Ela explica que foram gastos R$ 366 mil, recursos exclusivos da Cosip. A intenção foi reduzir custos com substituição de postes e luminárias. Só na Praça dos Bombeiros foram trocados 33 postes, 66 luminárias, quatro holofotes.

— Até agora só recebemos elogios, pois as pessoas podem andar com maior segurança. Além do embelezamento. Sabe-se que esses locais muitas vezes são pontos de concentração de desocupados — diz.

Marco Aurélio Abreu é diretor na Fundação do Meio Ambiente (Floram). Responsável pelo Departamento de Praças e Arborização Pública, admite que não o setor não foi consultado sobre a substituição das lâmpadas.

— As luzes alteram o comportamento das aves, mas não não sabemos o real impacto que está tendo.

Mesmo reconhecendo como importante a iluminação para segurança, ele acredita que um parecer da Floram poderia ter ajudado.

Fonte: Diário Catarinense





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