Há Dez dias, a Polícia Civil do estado de Santa Catarina convocou a imprensa para a apresentar Cyborg, o cachorro farejador que teria encontrado 37 quilos de cocaína em uma gruta próxima do Hospital de Caridade, supostamente deixados para trás por traficantes em fuga durante uma batida por policiais da Coordenadoria de Operações Policiais Especiais (COPE).
O anúncio do feito heróico do cão aconteceu no dia 2 de dezembro. Ontem terça-feira (11), no entanto, uma revelação feita por policiais de outras unidades confirmou que essa operação não aconteceu e não foi o faro de Cyborg que encontrou a droga apreendida.
Na verdade, os 37kg de cocaína foram encontrados dentro de um aparelho de ar condicionado comprado pela internet. Segundo o chefe do COPE, delegado Alfredo Ballsteadt, o comprador ficou com medo de ser alguma armação de traficantes, jogou a droga na gruta, e chamou a polícia. Ballsteadt, admitiu ao UOL que a primeira versão era falsa: “De fato, não foi exatamente como contamos, mas divulgamos aquilo para proteger o informante, cujo nome não revelarei nem sob tortura”. Cyborg, um macho de dois anos, com pelagem preta, da raça American Straffordshire Terrier, teve sua foto divulgada por jornais e sites de todo país guardando os pacotes da droga apreendida supostamente graças a seu faro – a pasta de cocaína foi realmente apreendida e representa um golpe de quase R$ 1 milhão no narcotráfico.
Na primeira versão, oito agentes do COPE estariam caçando traficantes nas matas entre os morros próximos do Hospital de Caridade, no centro de Florianópolis. Os bandidos teriam fugido ante a aproximação deles e deixado a droga escondida numa gruta no alto do morro da Mariquinha. Na segunda versão, o delegado Ballsteadt disse que foi o homem que encontrou a droga no ar condicionado que a escondeu na gruta, chamando a polícia.”O problema é que o informante esqueceu o lugar onde tinha colocado a droga, então acionamos o cachorro, que a encontrou graças a seu faro aguçado”.Ballsteadt defende a instituição: “Estamos investigando em que ponto alguém colocou a droga aparelho, se na fábrica ou no transporte”. Segundo ele “os traficantes poderiam vir atrás da encomenda”, daí a necessidade de inventar a história do cachorro. Cyborg é o primeiro cão farejador da unidade. Passa os dias num canil perto da Rodoviária Rita Maria. Só sai quando requisitado por alguma unidade. Dias antes já havia sido apresentado à imprensa, mas sem o status de herói, porque tratava-se da apreensão de apenas 53 papelotes de cocaína na praia do Sambaqui.
Nesta terça (11), ele foi levado a cidade de Criciúma, 200 km ao sul da capital, onde seu faro parece ter funcionado: “Ele encontrou uma boa quantidade de cocaína e maconha”, disse Ballsteadt, sem especificar quanto de cada.
Fonte: Bol