Alameda das Artes Visuais da Capital foi lançada ontem no coração de Floripa

A Rua Padre Miguelinho, no Centro de Florianópolis, recebeu ontem, 31, a pedra filosofal de um projeto que promete resgatar e organizar a cultura local. Trata-se da “Alameda das Artes Visuais”, realizado pelo Instituto Catarinense de Introdução ao Cinema e Revelação de Novos Talentos – Guardiões da Estação Luz e idealizado pelos amigos Adalberto Nicolazzi e Marcos Barão.

O evento, que teve início às 18h30 na rua que originará a alameda, foi gratuito e aberto ao público. Na programação esteve a apresentação do Boi de Mamão de um grupo folclórico dos Ingleses, o Rancho de Amor à Ilha tocado pela Banda Militar, um sexteto de clarinetes e muito mais.

“Tem muita gente com cultura em Florianópolis, mas ainda não estão coordenados. O objetivo desse projeto é fazer um encontro com todas essas pessoas”, conta Barão.

Para isso, o grupo visa reunir os mais diferentes tipos de arte. “A rua será dividida em nichos para que todos tenham espaço. Iremos ter pintura, escultura, um palco para alguém declamar uma poesia e até mesmo uma parte do paredão da catedral voltado para que crianças usem suas mãos para pintar a parede”, diz Adalberto.

Louro Lima

Cansados de projetos que não saem do papel, eles foram em busca de pessoas influentes que acreditaram e apostaram no projeto. Hoje são quase 30 colaboradores ativos e, entre eles, o artista plástico Louro Lima.



Manezinho e amante da ilha, já morou em cidades como Nova York e Paris, mas sempre com a ânsia de voltar para sua terra. Porém, não fechou seus olhos para uma realidade que persegue quem quer viver da arte em Florianópolis.



“Foi criada uma estrutura política e cultural no Centro-Oeste brasileiro tão forte que a gente ficou a mercê desse jogo central do país. Os artistas daqui ou vivem bem isolados ou vão para esse eixo”, conta Louro Lima.

Mobilização

E é exatamente contra esse processo e a favor da cultura local que a Alameda das Artes Visuais visa lutar. “Não tem como não funcionar. É um projeto da sociedade, para a sociedade. A sociedade está se organizando e intimando o político a olhar para ela com respeito. […] Nós temos uma equipe voltada para atingir metas e esse é um projeto que terá continuidade independente de quem será o presidente. Eu não fico como o ícone desse projeto, fico talvez como o exemplo. Mas, com ou sem a minha pessoa, ele tá arquitetado para ir a diante sem a minha pessoa”, diz Barão.

Para o grupo, a cultura local tem se misturado com várias outras culturas e nada se tem feito para evitar isso. “As pessoas vêm para cá embriagadas pela beleza da cidade, e é como comer uma fruta madura. Eles querem devorar, só que nada é infinito e as forças têm que se equilibrar”, complementa o artista plástico.

Além disso, Louro também afirma que o projeto ser feito pela sociedade para a sociedade é outro diferencial. “A interferência do governo na questão cultural é um problema sério, pois acaba gerando política e interesses políticos. Muitas vezes a arte como um todo sofre uma relação pesada, pois a criação tem que ser solta, independente. E nessas horas criam-se certas metas de administração política, que vira um problema. A gente tem o CIC que ficou fechado por 4 anos, tem uma série de problemas de espaço cultural na cidade”, conta ele.

Fonte: De Olho na Ilha





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